quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

PENUMBRAS DO INCONSCIENTE



Eu acreditava
que o ser humano
fosse capaz de algo mais
que desconstruir

e que violar
ocasionalidades, com seus faustos
fios de luz;

quando migrei
ao deserto, conheci a nobreza
dos insetos, das serpentes , dos aracnídeos,
e dos vermes concretos.

Eu pensava
que era sublime o cultivo
de magníficos jardins oníricos,
em furtivas e vãs
esperanças;

depois que conheci ,
nos campos agrilhoados de imagens,
os esplendores dos amores, as inevitabilidades
das quedase as violências
dos abismos,

fechei os portões
e as janelas com um muro escuro
que impede as entradas dos condores,
das flores e dos excelsos
menestréis.

E eu, que já contemplei
as mais secretas trilhas do estranho desalinho
andando descalço por ruas
de sonhos, de cacos
e de destroços

da abstrata
di (simetria) sapiens,
a admirar as luzes dançantes
de suas superfícies;

abandonei a abstrata e trevosa
realidade abnormal, que colorem
a seus aprazeres e anseios, e fui transpirar
a solidão de um morto

junto a meus novos amigos,
longe das obesidades mórbidas,
das concupiscências cálidas, dos regozijos tolos,
e das insânias incontidas
de nossos sencientes
e espúrios egos.

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