quarta-feira, 11 de outubro de 2017

É DOLOROSO, MAS EU AINDA VIVO!



… ventos
excitados  murmuram-me
sobre os segredos de quando ainda
te recostavas nas árvores, nas flores
e nos tentilhões cumeeiros,

eles, os ventos safados,
dizem de tuas curvas onde se recostaram
como mansas brisas, sem que
tu deles percebesses
o desejo.

Eu, inquebrantável
cão do deserto, solitário e seco,
e o vento que te roçou também vem me roçando
do mesmo jeito,

com o teu perfume
ainda lhe correndo no veio:

e assim,
tu tão longe e inalcansável,
tendo eu somente o vento que nos amou
tateando-nos juntos e inteiros,

eu sigo
ainda te amando, desejando-te
e, sem mais poder te comer,

batendo punhetas!

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