domingo, 29 de outubro de 2017

A PUREZA DO SER SÓ DURA EM SEU ESTADO TEMPLÁRIO!



... à planície esverdejada,
havia um pequeno par de olhos
a me espreitarem,

enquanto
(com o suor correndo a bicas)
eu capinava a densa
brachiaria.

De repente, rasgou-se
– com uma fina e templária voz –
o cacofônico som da enxada
chorando à terra:

“papai, papai,
quando eu crescê, vô fica forte
que nem ocê e vô capiná
tudo!”;

e eu fiquei a pensar,
emocionado, em como o ser humano
pode ser tão sublimemente
puro,

quando não percebe
ainda que, ao crescermos, transformamo-nos
em estranhos, soberbos e incapináveis
seres do trajeto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário