sábado, 26 de agosto de 2017

O ANVERSO DO APAGAMENTO


Meu caro, Fernando Pessoa,
quando se acende, em singularidade,
o abnormal farol,

começam 
a se formar imagens irradiadas
de nossos centros 
numes.

Nos limites infindos 
e faustos da luz que de nós/
emana,

a nada podemos 
ver senão por cegueira de nossas sencientes 
razões ou emoções.
 

Neste contexto, 
nossas são todas as possibilidades
concretas ou abstratas e também todas as impossibilidades 
e ilusões conjecturadas de nossas gêneses 
apócrifas.

Por isso, 
meu caro Fernando Pessoa,
que bem antes já te sabias, em dor, 
onde agora estás

– e nem isso,
nem nada mais te podes saber,
do apagamento –

vou beber-lhe 
um pouco em minha insânia
e reinaugurar tua bela 
miragem:

afinal,
que é o mundo, 
senão uma breve ilusão vista
e sentida 




– a cada minuto 
violado com inaugurações e incomensuráveis 
reinauguraçõesientre as demais
coisas –

sob a anômala
luz de nossos egos fluorecentes?

Nenhum comentário:

Postar um comentário