quarta-feira, 21 de junho de 2017

O SILÊNCIO



Não quero que te lembres dos nossos momentos que passamos juntos, dos prados em que caminhamos impávidos com nosso amor apóstata,dos afagos, das promessas sonhos impossíveis, e dos segredos trocados em nossas intimidades entregues, dos sorrisos espontâneos, das dores compartilhadas e das angústias que nos vence.

Não quero que te lembres que um dia fui tão ebriamente teu, que bastava um breve aceno com teu olhar para me fazer ir a ti.

Quero que olhes para o porvir, sem lamentos ou esperanças, em busca de novos horizontes que possam atender a teus anseios.

Se o amor veio nos sombrear, não foi incondicional e tudo se desmoronou. Esquece a possessividade e o ciúme mútuos com que nos condescendemos, causa maior do distanciamento e do fim eminentemente previsto.

Agora, em outros mares navegarás e em outros braços farás novo porto, onde te abrigarás em tuas noites de carência e sofreguidão.

Nossa flama dita em melodias nunca esteve esvaziada de nossas demências figuradas, e, diante de outros sentimentos que vieram juntos, fraquejamos.

Por derradeiro, suplico-lhe um bálsamo: esquece também o mal que te causei, pois foi fruto de também grande entorpecimento que se me apoderou em nosso arrebol.

Esquece tudo, e me permita agonizar na noite vaga em que me adentro, levando comigo toda a dor gerada pela perda que era inevitável, e vai à busca de novas utopias, que de mim só encontraste o reflexo de teu espelho.

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