À noite, do outro
lado do mundo, alguém amanhece
a tocar, em seu velho piano,
o Prelúdio de Bath;
que vem quanticamente
a flutuar pelo caminho, passando por planícies,
montes, mares;
e pelos povoados e vielas
de todas as gentes – que não a ouvem –
até adentrar a solidão
de minha casa.
Da janela,
de frente para a noite fora,
ouço também ao jornal sobre um ataque
sobre Jerusalém, a cidade
que dizem sagrada;
um pouco além,
entrevistam ilustres doutores,
presidentes, autoridades religiosas e especialistas
que falam sobre a necessidade
de resolverem tal conflito,
sem, no entanto,
darem suas contribuições práticas
para tal;
mais um pouco,
segue o bestiário a transmitir sobre a fome
de nossos semelhantes no continente
africano
e sobre desgraças de todo tipo,
com sensacionalismos torpes, que seriam
de nos aterrorizar, caso não estivéssemos com os cus
plantados nos sofás das falsas seguranças
de nossos lares.
E o que tem a ver
o piano que tocam do outro lado do mundo
com os descaminhos que nos mostram nas TVs,
nos jornais escritos e até nas pregações
às sinagogas e igrejas, deveras
devem se perguntar:
nada mais que
a grande necessidade de o ser humano
fabricar abismos vermelhos,
brancos ou pretos;
preterindo as coisas mais
belas e sublimidades – por imanente força do ego –
e deixando-as condenadas quase que somente
aos limites de quando regozijam faustos
lumes de si mesmos.
lado do mundo, alguém amanhece
a tocar, em seu velho piano,
o Prelúdio de Bath;
que vem quanticamente
a flutuar pelo caminho, passando por planícies,
montes, mares;
e pelos povoados e vielas
de todas as gentes – que não a ouvem –
até adentrar a solidão
de minha casa.
Da janela,
de frente para a noite fora,
ouço também ao jornal sobre um ataque
sobre Jerusalém, a cidade
que dizem sagrada;
um pouco além,
entrevistam ilustres doutores,
presidentes, autoridades religiosas e especialistas
que falam sobre a necessidade
de resolverem tal conflito,
sem, no entanto,
darem suas contribuições práticas
para tal;
mais um pouco,
segue o bestiário a transmitir sobre a fome
de nossos semelhantes no continente
africano
e sobre desgraças de todo tipo,
com sensacionalismos torpes, que seriam
de nos aterrorizar, caso não estivéssemos com os cus
plantados nos sofás das falsas seguranças
de nossos lares.
E o que tem a ver
o piano que tocam do outro lado do mundo
com os descaminhos que nos mostram nas TVs,
nos jornais escritos e até nas pregações
às sinagogas e igrejas, deveras
devem se perguntar:
nada mais que
a grande necessidade de o ser humano
fabricar abismos vermelhos,
brancos ou pretos;
preterindo as coisas mais
belas e sublimidades – por imanente força do ego –
e deixando-as condenadas quase que somente
aos limites de quando regozijam faustos
lumes de si mesmos.
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