quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

CAMINHOS DE SOMBRAS E PEDRAS


Quase cinco anos,
desde que sonhei com aquele
prédio escuro, frio
e solitário;

quase cinco anos,
desde que surgiste com suas portas
e janelas dissimuladamente
iluminadas;

quase cinco anos,
desde que me amaste como anjo purista
às sombras obscuras daquela
escada;

quase cinco anos,
desde que te ofertei eternos e infinitos,
com a maior cara
lavada;

quase cinco anos,
desde que começamos nossa
conjunta e entenebrecida
caminhada.

Péricles Alves de Oliveira – Thor Menkent

O CÁLICE DA HORA


Sóis verdes festejam
ao  vivo cerne de um novo tempo,
rasos mares se convulsionam
com seus mitos e lendas,

vaga-lumes nus fazem
conferências diante da nova fluorescência,
campos se empolgam com as novas sementes
que lhes chegam vividamente prenhas,

trens se lotam de passageiros
que vêm ver os  novos voos da ressurrecta,
mapas celestes se reordenam
sem duplas fendas,

os infinitos se agitam
excitados aos novos horizontes magenta:

ela ressurge assim,
toda esplêndida, enquanto ainda habito
o covil dos leprosários banidos
e das sombras malditas.

Péricles Alves de Oliveira – Thor Menkent

HORA DE MUDANÇAS


Às vezes, permitimos que
ilusões exíguas, tão frequentes em nossas
variabilidades humanas,

estorvem até o mais sublime
dos momentos e condenem à seca escuridão
a luz fluorescente;

às vezes, sentimos que
possa ser tarde demais e que a vida está prestes
a se findar,

sem que tenhamos mais alguma
sincera esperança de reacender o grande
e inconspurco sonho

à nova e atordoada manhã
branca.

Péricles Alves de Oliveira – Thor Menkent

ESQUIZOFRENIAS CL

.


“Explica-me, por favor,
sobre a condição das coisas
sem nosso modo de percebê-las,
Thor Menkent?”

Assim que começo
a pensar ou a divagar (re) inauguro,
inevitavelmente, a tudo 
 e a qualquer coisa

– possível ou não –
em que poste meu senciente
olhar.

Na verdade,
se há algo que ninguém possa 
realmente entender (devido a esses
abnormais modos de ver)

é a natural condição
das coisas.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

ESQUIZOFRENIAS CLIX


Alguns me chamam
de louco pelo que falo; outros,
de vagabundo pelo
que faço.

Em meio a toda
essa algazarra tremeluzente,
só não repararam
um detalhe:

que para desfazer-me
das coisas e das imagens inauguradas
– sendo louco ou
vagabundo –,

tentei foi , antes de
mais nada, desfazer-me de tudo
o que me havia em mim
mesmo.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

ESQUIZOFRENIAS CXLIII


Rompidas
as casualidades alheias,
as sapientes fluorescências brilham
sobre as coisas todas,

dando origem
- dos funerais das possibilidades naturais -
a cada vez mais densas
ilusões,

cultivadas
entre o tempo e o espaço
que reinauguramos com nossas vãs,
vis e avesgalhadas
visões.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

ESQUIZOFRENIAS CXLVII


E vamo-nos viajando,
em grande equívoco de sermos,
por estes caminhos
sapiens,

entre as vastas ilusões
formadas por nossas retinas avesgalhadas
e a alheia coabitação das sombras
e das casualidades;

até que seja chegado o momento
em que hajamos de nos volver aoapagamento,
em inexorável justaposição daquilo
que nunca fomos.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

ESQUIZOFRENIAS CXLVI


O ser humano
gosta tanto – mas tanto –
da substantivação e da adjetivação
das imagens

e da obesa
adverbialização de seus verbos voláteis
e de seus sentimentos lumes
que merece

– realmente –

viver em suas
incomensuráveis ilusões,
sempre à imperceptível beira
do vago engano.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

ESQUIZOFRENIAS CXLV


Que continuemos enganados
de tudoque nos venha às retinas,
enquanto, na inexorável
verdade do ocaso,

nem o toque
que dizemos sentir
possa ser sequer razoavelmente
verdadeiro,

uma vez que
campos eletromagnéticos
que se formam ao redor dos átomos
e das moléculas impedem
que aconteça:

vivamos, pois,
a festa (extra)ordinária de nossas senciências
e a incrível estupidez desta
vã e vil existência.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

ESQUIZOFRENIAS CXLIII


Aos teatros
se entre tempos e espaços:

Nietzsches, Shopenhaueres,
Sartres, Heideggeres, Lacans, Einsteins,
Darwins, Heisenbergs,
Freuds, Planks;

romancistas de merda
com suas estórias de finais felizes
para uns e amaldiçoados
para outros,

e os demais que
escrevem sobre bruxarias, feitiçarias,
sadomasoquismos, etecétera, só para agradar
aos cegos e encher de grana
os bolsos;

políticos,
religiosos, imperativistas e puristas
com seus discursos para lá
de obesos.

Meu deus, meu deus,
mas que vontade de me voar nu
para bem longe, deixando
tudo para trás,

e mandando esses merdas,
com seus pseudoconhecimentos, pseudonobrezas
e tudo que lhes pertence para
a puta que os pariu!

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

ESQUIZOFRENIAS CXLII


Antes ser
um boçal verborrágico
e um famigerado
niilista

do que me
conformar em assistir calado
ao horrendo espetáculo dos sapiens,
ao qual se escorrem

(entre - e com -
luzes artificiais e neblinas
escondidas)

com amores dadivados
e maledicências praguejadas,
pazes regozijadas e guerras
declaradas;

sempre
em insanáveis paradoxos,
advindos dos afiados e espúrios limites
de seus sencientesm narcisistas
e mesquinhos egos.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

ESQUIZOFRENIAS CXLI


Tens muita fé
e, não obstante, insistes em saber
como (e porque) não vejo
a teu deus;

és feliz
à superfície das coisas
e queres que eu te ensine
sobre o cego olhar
dos homens;

falas sobre
beleza, amor e paz
como se fosses uma incauta
e esvoaçante passarinha
perdida,

e queres
que eu lhe creia somente
as alvas floridas, como se não tivesses
– também – espessas brumas
escondidas.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

ESQUIZOFRENIAS CXL


Humanos nós,
vamos e vimos meio estonteados
por entre todas as imagens
que surgem por aí;

entre elas,
algumas pessoas chegam
dizendo serem nossas amigas
– ou sempiternas amantes –,
e partem nas manhãs
seguintes;

outras simplesmente
chegam e partem silentes, compondo
o inexorável ciclo
da vesania;

e, de alguma forma,
todas elas significam algo
para nós,

e, de alguma forma,
nenhuma delas significa nada
para nós.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

ESQUIZOFRENIAS CXXXIX


Não há mais
a menor chance de existência
de algo qualquer que não nos seja,
conforme nossas espúrias
senciências;

e, em algum momento,
houve um deus que nos gerou,
ele foi tão cruel, mas
tão cruel

que, após nos dar
o extremo, angustiante e pesado poder
para reinaugurarmos a todas as possibilidades
e casualidades do Universo,
adormeceu.




Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

ESQUIZOFRENIAS CXXXVIII


Numa única frase,
em que nem se precisa usar o verbo volátil,
pode-se resumir tudo que
vos pregam

os eloquentes religiosos,
os reluzentes puristas, os excelsos filosofistas,
os soberbos imperativistas,
os sublimes alienistas,

e todo tipo
de sedutores e propagadores de imagens
– criativamente subtis –
que andam por aí:

“Ilusões à beira do erro”.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

ESQUIZOFRENIAS CXXXVII



Atacar as máscaras,
os verbos imperativos e as luzes puristas;
desmascarar os sonhos superlativos,
e as esperanças exíguas;

desmistificar
a pureza plantada nos vazios,
jogando tudo à miséria do mundo,
que não passa de um ai
maldito;

mas e quem sou eu,
senão também um impostor
ou um fausto ator talvez ainda
mais dissimulado?

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

ESQUIZOFRENIAS CXXXVI


Em análise
nua e fria, a vida é isso aí:

um vestir-se em luzes brancas,
sem haver como evitar

as soturnas sombras.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

ESQUIZOFRENIAS CXXXV


Dia desses
espero começar a ajuntar novamente
pedaços de penas
e luzes;

para que,

depois de tantas
e tantas quedas, quem sabe consiga
montar novos palcos
às nuvens.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

ESQUIZOFRENIAS CXXXIV


Antes,
as coisas não eram
tão difíceis
assim:

agora, diante desta
estranha e entenebrecida consciência
da grande inutilidade
de tudo,

mal posso sentir
a sombra de alguma árvore,
onde possa me
abrigar,

ou a ponta
de alguma luminescência sincera
que de mim possa voltar
a brilhar.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

ESQUIZOFRENIAS CXXXIII


Às vezes,
fico a imaginar qual seria
a maior realidade do
ser humano,

a não ser
a constante fuga – através da vã e vil
tentativa de edificação de todo
tipo de esperanças e ilusões
adverbiais –

das nuas sombras
que lhes habitam às frias,
esquálidas e vazias
tendas.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

ESQUIZOFRENIAS CXXXII


Se, porventura,
a natureza pudesse se expressar
com imperativos, como
os homens;

certamente diria,
com sua esplêndida beleza em perigo:
admirem, mas não
manchem!

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

ESQUIZOFRENIAS CXXXI


... e eis que,
de casual e estranha singularidade
surgida no veio do Cosmo,
fez-se o sapiens;

e ele a tudo reconstituiu
– a retinas cegas – com seu espúrio
e ilimitado ego.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

ESQUIZOFRENIAS CXXX


Há tanta gente
acostumada a regozijar
suas alvas e seus
dons,

e há tão poucos
que se assumem nos avessos
reflexos por aí;

que me acostumei
a comer caviar no almoço
e dejetos fecais
no jantar.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

ESQUIZOFRENIAS CXXIX


Segui, bastardos,
segui escravos do próprio ego
até a nevoenta e débil
velhice,

onde, desfalecendo-vos
ao mesmo leito em que tantas vezes
mostrastes vossas
forças,

imploreis por um pouco
de água ou por um resíduo de luz
dos que passaram
a dominar

(como atemporalmente
fizestes vós)

os sonhos, as fantasias,
as concupiscências e todas as demais
miragens espargidas
pelo mundo.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

ESQUIZOFRENIAS CXXVIII



Entre sonhos
tremeluzentes e sombras moucas
seguimos todos, varões
e varoas,

faroleiros de plantão
e cães oportunistas, anjos sublimes
e demônios abissais,

a nos escorrermos
entre melodias e réquiens, inexoravelmente
sem nenhuma chance
de vitórias.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

ESQUIZOFRENIAS CXXVII


Não há
perigo algum em se contemplar,
namorar e foder uma mulher
bonita e gostosa;

mas não ocorre
a mesma coisa, quando se trata
de uma inspirada, inteligente
e fértil mulher.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

ESQUIZOFRENIAS CXXVI



Errar é humano,
mas isso, já que é uma imanente
condição,

não devia
nos assustar tanto, nem
nos envergonhar;

agora, outra coisa
é negar o erro com as luminescentes
ênfases dos verbos,

ou jogando
pesos e culpas às asas dos outros
incautos sapiens:

isso sim,
é realmente o mais profundo que,
do abismo, possamos
chegar.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

ESQUIZOFRENIAS CXXV


Que sublime deve ser
a rápido e alheio voo das folhas
entre o vento que
as sopra:

que angustiante
saber que meus sencientes passos
costumam estar tão mais
errados,

quanto mais
penso que me levem
a algum lugar
exato.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

ESQUIZOFRENIAS CXXIV


Não creio haver
puristas, mesmo estas que dizem
não foder nos tendões
de seus varais,

sem uma boa
dose de narcisismo
ao ego;

e, como todo
narciso, seus reflexos ao espelho
podem provocar o afogamento
de suas luzes

em vigorosos orgasmos
internos.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

ESQUIZOFRENIAS CXXIII


Os demais suicidas
me convidaram para a grande
despedida,

com um último
e requintado banquete de carnes
e de asas:

confesso
que recusei com séria
convicção

de que eles
desistiriam após se empanturrarem
de sonhos, de paus
e de bocetas

dos vastos e deliciosos
cardápios.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

ESQUIZOFRENIAS CXXII


Caminhar,
caminhar, caminhar
em estradas e trilhas cheias
de pedras,

entre as quais
costuma haver cântaros de carnes
de sonhos, de esperanças
e de insânias:

a cada abaixar para colheita,
é bom saber que a todo descuido ou erro
tem-se a pagar, inalienavelmente,
um alto.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

ESQUIZOFRENIAS CXXI



A realidade,
essa coisa a que tanto amam,
e a que chamam de vida,
é tão somente

o reflexo das coisas
em nossas sencientes retinas,
ou delas (das coisas onde estamos jogados)
os sentimentos derramados nos passageiros
cântaros dos instantes;

para ser mais claro,
se é que isso me seja possível, a realidade
são essas florescências
artificializadas

que costumamos jogar,
como bem nos convier e aprazer,
em lugar qualquer ou em
qualquer lugar.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

ESQUIZOFRENIAS CXX


Todo esforço
parece vão como a própria
condição de ser:

a cada século,
a cada ano, a cada dia (a cada vida,
a cada ilusão nela
luzida)

– geração após geração –,

estamos perdendo
para o inexorável avanço, líquido
e espúrio, de nós
mesmos.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

ESQUIZOFRENIAS CXIX


Seria bom
que, pelo menos vez em quando,
conseguíssemos guardar
nossos lumes verbais
em silêncio,

uma vez que,
postumamente, após o apagar
das fantásticas luzes
do grande palco,

fica restado
– em ruas de pedras frias –
a grande verdade sobre insaciável fome
por imagens, lascívias e insânias
de nossos egos;

e – à alma vazia –
a angustiosa sensação
de que tudo não tenha passado
de vãs, vis e hipócritas
fantasias.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

ESQUIZOFRENIAS CXVIII


Anda rápida
e prodigiosa a hora do homem,

em imagens
de todo tipo que vão e vêm;

um dia, quiçá,
consiga seu completo intento,

atingindo
as vastíssimas sublimidades

de seus apócrifos
e luminescentes excrementos.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

ESQUIZOFRENIAS CXVII


O bem e o mal
nos mesmos invólucros carnais,
com sencientes abstrações
que parecem divinas;

entre as margens,
em paradoxais absurdos: luzes sobjeadas
e sombras retezadas, lealdades regozijadas
e traições dissimuladas.

Uma flor de manhã
e um trago de doce e venenoso vinho à noite,
palavras de paz aos discursos
e impiedosas mortes
às espadas:

assim os caminham,
lado a lado, os homens de neandertal:
à beira de profundos abismos
enlameados,

onde jogam suas culpas
e pecadfos aos demônios por eles mesmos
(e para tal fim)
criados.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

ESQUIZOFRENIAS CXVI


Ó Senhor
de todos os cosmos e possibilidades
inventados, de todas as inexoráveis casualidades
e de todas as situadas ou quantizadas
relatividades:

seja qual for
o nome que vos for dado
por essa nossa espécime repleta
de pseudossenciências
luzidadas;

que me ensandeça de vez,
antes que me refugie novamente
no laivo ressaibo do cinismo
e da hipocrisia;

que me morra de vez,
em outra qualquer seara ou quimera,
que não as esplendidamente
costuradas

por minha nefasta
egolatria.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

ESQUIZOFRENIAS CXV


Com uma sonâmbula
anestesia implantada em suas mentes,
a acharem que bastam vãs
orações e discursos

para aplacarem
a fúria enregelada dos distantes dissonantes,
é que se tornam incontidas as chuvas
de dor, angústia
e morte,

que são despejadas,
pelos turbados soberbos, aos pequenos
e frágeis reinos e lagos
adjacentes.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

ESQUIZOFRENIAS CXIV


Chovem luzes
e sombras em erráticas metáforas por entre
bosques, cidades e cadafalsos
do mundo;

os gritos nos versos
não podem, turbados que são, amenizar
os antagônicos canais de júbilos
e dores.

Sim, há algo errado
no reino dos magníficos sencientes:
as luzas, e as estrelas
e as flores

não parecem servir
(do mesmo modo) a todos:

por exemplo,
sempre há anjos fluorescentes, a farejarem
suas incautas vítimas
às escuridões.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

ESQUIZOFRENIAS CXIII


Andar em bordo
da ponte

– com uma lamparina
às mãos a delirar as coisas iluminadas,
a olhar de esgueira as sombras
projetadas –,

incautamente
pensando-se ser fruto vivo
e eterno de um orgasmo
divino;

sem passar, entretanto,
de uma quântica aberração cosmológica
a colocar tudo e todas
as casualidades

confinados
às enfermas e efêmeras condições
de suas abnormais
existências.


P.S. Do “Ser”


Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

ESQUIZOFRENIAS CXII



Se há um criador
que seja conforme dizeis, qual a real
justificativa para deixarmos
de "ser"

- em impossível transgressão
de nossas imanências egocêntricas -
para transcedermos

e servi-lo,
como cegos filhos servos, à absoluta
onipotência?

Por outro lado,
se nada somos – embora acreditemos ser –
perante nossos próprios semelhantes
desconhecidos

– já que lhes
estamos despercebidamente apagados
nesta vã e efêmera
existência –,

que seria
deus senão também
um dos – e o principal – refúgio
criado para nossas

faustas e sencientes
demências?

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

ESQUIZOFRENIAS CXI


O que fazemos
no continuum espaço-tempo,
senão pirilampar nossas
faustas gêneses,

distantes
do alheamento
casual e probabilístico
das coisas

e das estranhas
e inexoráveis incertezas
dos comportamentos
quânticos?

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

EZQUIZOFRENIAS CX



Não me lembro
quando perdi a inocência
e me tornei um exímio
construtor

de esplêndidas e espúrias
imagens, de sonhos concretados, de atuações
dissimuladas e de extravios
encharcados;

mas descobri
que – nos mesmos palcos onde todos,
como eu, escorrem-se incautos
e suicidas –,

embora me desdiguem
os ilustres e alvejantes puristas, nada poderia,
por humana e precária condição,
ser evitado.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

EZQUIZOFRENIAS CIX


A má escolha,
a jogada errada, o sinuoso caminhar
pela estrada, com enfeitadas
e poderosas máscaras:

prenúncios
de asas quebradas,
de vidros estilhaçados, de palcos violados
e de almas – entre destroços e vazios –
embaraçadas.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

EZQUIZOFRENIAS CVIII


Se houvesse
um concurso de paradigmas
que fosse levado
a sério,

o mais provável
é que encontrassem beleza maior
– aquela que há na humildade
da alma –

exatamente
nos seres que se lhes apresentassem
os piores e mais horrorosos
invólucros;

mas não é difícil
entender que realmente
não é nem um pouco fácil
para os sapiens

perceberem
as pálidas e esplêndidas sublimidades
que existem por detrás
das chagas.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

EZQUIZOFRENIS CVII


As gentes sorrimos
sonhos e conquistas fluorescentes,
enquanto outros choram dores
e angústias recorrentes,

em inexorável, ávido
e cíclico vício de cultuarmos
– com palavras, sentimentos e halos
de pedras –

as incomensuráveis
paixões pelas imagens, que florescem
em nossos suntuosos e abnômalos
umbrais.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

EZQUIZOFRENIAS CVI


Que débil
tem sido este escorrer-se úmido
por entre os campos úberes
das imagens paridas;

que estranho
tem sido o marulho dos ventos,
a carregarem esplêndidas estórias
de chamas, de sonhos
e de lamas;

que cruciante
tem sido a dor e a aflição
de tentar manter alguma serenidade
sincera

na semeadura
e na colheita por entre
esses caminhos de proeminentes
prados e pedras!

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

EZQUIZOFRENIAS CV



Que os voos
das borboletas flutuantes
e dos anjos farejantes
não me perturbem,

que, congeladas
ao mar e ao ar, minhas velas
e minhas asas
continuem ;

que, às luzes néon,
vendo a morte em esplêndidas imagens
e em faustas cores,
eu continue.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

EZQUIZOFRENIAS CIV


O bestiário urbano
faz com que esse cão niilista

grite

pelos pousos forçados
das aves,

pelas lágrimas aos olhos
das virgens,

e pelos inevitáveis naufrágios
dos mitos,

tudo em função de seus
egos

fornicados às inchadas
superfícies.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)

EZQUIZOFRENIAS CIII


Nem bocetas corridas,
nem ilusões vívidas,
nem esperanças exíguas,

as fantasmagóricas
miragens ao deserto e estas angustiantes
sombriedades,

que andais lendo
(em forma de mal traçadas poesias)
por aqui,

é que estão
ressecando-me todo
o ser.

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)